Os filés de sardinha empanados da minha avó Joana

5 de agosto de 2013 § 38 Comentários

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Quando a minha mãe chegou aqui em casa e me entregou o embrulho sem dizer nada, percebi que aquela carinha de segredo risonho trazia alguma pequena felicidade escondida. Sem perguntar nada, tirei o embrulho da sacola plástica, depois de uma folha de jornal, e lá estavam eles, envoltos em fina película plástica: filés de sardinha muito bem tratados e cirurgicamente cortados tal qual a minha vó tão caprichosamente os preparava só para me ver salivar e me refestelar com eles, sempre guarnecidos por lindas batatas coradas em cubos que ela cozinhava e depois salteava na frigideira, deixando-as macias por dentro e crocantes por fora.

Abri um sorriso enorme, olhei para a minha mãe e disse:

– Mãe, são os filés de sardinha da minha vó!

No que ela apenas balançou a cabeça sorrindo e disse que não acreditou quando encontrou um vendedor ambulante tratando as sardinhas à maneira da vó Joana. É que é muito difícil encontrar filés de sardinha assim tratadinhos por aqui; normalmente os encontramos inteiros, e como não tenho a manha de tratá-los, sempre acabo optando por fazê-los assim mesmo, na pressão.

Não contei conversa, como diriam as duas, invoquei as imagens da minha vó, em sua cozinha, lá em Guarulhos, e pedi que guiasse as minhas mãos. Salpiquei sal e pimenta do reino moídos na hora sobre um dos lados dos finos filés, preparei um prato raso com metade farinha de trigo e metade farinha de rosca, e também uma cumbuca com 1 ovo ligeiramente batido no garfo com uma pitada de sal, dispostos ali ao lado do fogão. Tomei uma frigideira de teflon, untei-a com óleo e levei ao lume para esquentar. Enquanto isso, o percurso dos filés: primeiro farinha de trigo, depois ovo, depois farinha de rosca, depois frigideira quente, para virar uma só vez quando a parte de baixo estava bem corada e crocante. Ficam tão sequinhos que nem carece de papel absorvente. Transferi direto para uma travessa colorex que nem as dela, guarneci com cebolinha verde em rodelinhas (isso por minha conta), reguei com azeite de oliva, dispus o indispensável limão para cair em poucas e boas gotas sobre o peixe já no prato, e poxa… que delícia!

Nunca tinha feito os filés de sardinha empanados da minha avó Joana para Bento, mas agora vou ter que me coligar com esse ambulante, porque ele simplesmente pi-rou! Talvez porque o peixe tenha vindo para o seu prato junto com a história. Ou não.

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